Vocês já leram as obras de Frankenstein, O Médico e o Monstro e Drácula ?? Pois bem, hoje resolvi falar um pouco destes 3 clássicos da literatura gótica. Já faz um tempinho que eu li esses 3 livros magníficos, porém nunca tinha mencionados eles aqui no Filosofia Agressiva, então resolvi tirar ele da estante novamente.
No meu caso eu comprei uma edição especial que reunia os 3 livros em um, exatamente essa que estar ai do lado. Três clássicos do terror imortalizados pelo tempo e reunidos em um único volume que destila em suas páginas aspectos sinistros e macabros da imaginação humana. Os três se originaram de pesadelos que seus autores tiveram, nessas histórias nos remetem paisagens sombrias, como os alpes suíços tomados pela escuridão e o frio, foi onde nasceu o Frankenstein, temos também a acinzentada e nebulosa Londres do Dr. Jekyll e seu outro "eu" e a tão sinistra e tenebrosa Transilvânia do Conde Drácula.
Livros antigos mais que se tornam atuais mesmo em pleno século XXI. Um dos traços definitivos do gênero de horror é que o mesmo provoca uma resposta emocional, psicológica ou física nos leitores, que faz com que os mesmo reajam com o medo. Uma das citações mais famosas de HP Lovecraft em relação ao gênero é: "A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido."
FRANKENSTEIN ou O PROMETEU MODERNO
"A mais apavorante história escrita no início do século XIX, que além de ter contribuído para a renovação do romance gótico, (...) também é considerada marco inaugural de uma nova modalidade literária, a ficção científica."
Alessandro Yuri Alegrette - Unesp
A criação da história por Mary é bastante curiosa e impressionante, é um exemplo claro de que não são os autores que escolhem seus personagens e sim ao contrário eles escolhem seus donos, foi o que aconteceu com o Monstro de Frankenstein. Mary Shelley, sendo ela filha de escritores famosos da época, já exercia o hobbie de escrever muito cedo, apaixonada pala fantasia e dona de uma mente bastante criativa já colocava em prática suas primeiras histórias, Mary escreveu a obra Frankenstein com apenas 19 anos aproximadamente, um talento realmente incrível.
Em 1815 o Monte Tambora na ilha de Sumbawa, na atual Indonésia entrou em erupção. Como consequência, um milhão e meio de toneladas de poeira foram lançadas na atmosfera, bloqueando a luz solar, deixando o ano de 1816 sem verão o hemisfério norte. Neste ano, Mary e seu marido Percy Bysshe foram passar o verão a beira do Lago Léman, onde também se encontrava o seu amigo e escritor Lord Byron. Forçados a ficar confinados por vários dias em ambiente fechado pelo clima hostil e anormal para a época e local, os três e mais outro hóspede, o também escritor John Polidori, passavam o tempo lendo uns para os outros histórias de horror, princialmente histórias de fantasmas. Alguns relatos feitos por Mary:
" A situação sobre a qual repousa a história foi sugerida por uma conversa casual. Começou em parte como brincadeira e em parte como um modo de exercitar recursos mentais inexplorados. Outros motivos juntaram-se a medida que o trabalho avançava."
" Cada um de nós escreveria uma história de fantasmas, disse lorde Byron; e sua proposta foi aceita. (...) Eu tratei de pensar numa história, uma história que fala-se dos misteriosos temores de nossa natureza e provocasse um horror eletrizante, uma história para fazer o leitor ter medo de olhar ao seu redor, para enregelar o sangue e acelerar as batidas do coração. Se eu não conseguisse fazer isso, a minha história de terror não seria digna do nome."
" Quando pus a cabeça sobre o travesseiro, não dormi, nem se poderia dizer que pensei. A minha imaginação, liberta, tomou conta de mim e me guiou. oferecendo as sucessivas imagens que sugiram em minha mente com uma vivacidade muito além dos limites habituais do desvaneio. Vi - com os olhos fechados, mas com uma nítida visão mental - o pálido estudante de artes sacrílegas ajoelhado diante da coisa que fabricara. Vi a medonha imagem de um homem estendido que, em seguida, por efeito de um motor potente, dá sinais de vida e se mexer com agitação. Aquilo era assustador; pois supremamente assustador seria o efeito de qualquer tentativa humana de simular o estupendo mecanismo do Criador do Mundo."
SOBRE A OBRA :
O Romance apresenta uma narração bastante desenvolvida por meio de cartas, era uma das características da literatura naquela época, inclusive os outros dois livros que irei tratar também apresentam esse estilo. Para ser sincero, eu não sentir medo lendo Frankenstein, mas fiquei bastante instingado pelas questões inteligentes a respeito da sociedade que o livro apresentava, e a parte mais foda era a associação gritante da relação " Criatura e Criador" com destaque a implicações religiosas.
A obra como vocês devem saber, retrata a história de Victor Frankenstein um jovem estudante das ciências naturas, bastante inspirado pelos seus estudos a respeito da origem da vida, desde pequeno era interessado sobre qualquer tipo de assunto que fosse em comum, estudava livros antigos a respeito de alquimia, pedra filosofal e sobre a vida eterna. Victor cresceu e se aprofundou mais em seus conhecimentos e não abandonou a ideia fanática que ele tinha desde pequeno, Victor queria decifrar a fórmula da vida, ele queria criar um "Ser" de corpo e alma através de matéria morta que pude-se ser reanimada. E eis que a história nos apresenta o Monstro de Frankenstein do qual Victor iria se arrepender até os últimos dias da sua vida.
CURIOSIDADES :
- O nome da criatura não é Frankenstein, esse é o nome do Médico, o seu criador, na obra a criatura simplesmente não tem nome, muitas vezes é chamada de Monstro, Demônio, Criatura, Aberração, etc.
- Diferente do que os filmes retratam, a criatura não era verde, ele é amarelo e seu design é totalmente diferente, ele não tem os parafusinhos no pescoço. A autora o descreve no capítulo 5 da obra : "(...) Sua pele amarela mal cobria o relevo dos músculos e das artérias que jaziam por baixo, seus cabelos eram corridos e de um negro lustoso; seus dentes eram alvos como pérolas. Todas essas exuberâncias, porém, não formavam senão um contraste horrível com seus olhos desmaiados, quase da mesma cor acinzentada das órbitas onde se cravavam, e com a pele encarquilhada e os lábios negros e retos. (...)". Em outras partes da obra, a autora descreve sua sombra e da a se entender que o Monstro possui membros uns maiores que os outros.
- A criatura é inteligente, racional, sensível e eloquente, ao contrário dos filmes que não são nem um pouco fiel ao livro.
- A frase marcante presente no filme " It's Alive" (Estou vivo), não estar presente no livro, a frase foi criada para dar mais dramaticidade ao filme.
O MÉDICO E O MONSTRO
"Robert Louis Stevenson achava que cada um tinha o diabo escondido dentro de si, e o dele era o Sr. Hyde (trocadilho com hide, esconder em inglês) que volta e meia engolia o pacato Dr. Jekyll."
Claudio Julio Tognolli - Revista Galileu
Outra bizarra história, o escocês Robert Louis Stevenson é o responsável por essa grande obra, considerado um dos maiores escritores da literatura mundial. inexcedível no gênero de romances de aventuras, é autor de A ilha do tesouro, um dos livros mais célebres de todos os tempos (1883). O médico e o monstro é um clássico entre os clássicos de horror e mistério. Stevenson escreveu ainda o raptado, As aventuras de David Balfour, O morgado de Ballantrae, entre outros.
Como já falei lá em cima do post, a história se passa na antiga Londrina XIX, o cenário que o livro apresenta é repleto por um clima obscuro, tenso e sombrio. Essa obra eu não definiria como gênero Terror mais sim Psicológico, Drama e Mistério. No médico e o monstro voltamos a pensar na essência do que é o homem, onde o status do Homem social e civilizado é a tradição e dogmas de uma sociedade hipócrita. Stevenson procura mostrar o Homem como um ser Dipsicológico, onde todos possuem dentro de si um lado ruim, uma lado que gostaríamos que ninguém conhecesse, uma duplicidade de sua personalidade, esse efeito é conhecido como efeito Doppelganger que podemos visualizar melhor na história do Dr. Jekyll um médico reputadíssimo.
"O outro lado humano retorna para atender tendências libidinais latentes escondidas pelo ego social"
Isso exemplifica a teoria de Freud a respeito da Alteridade presente no ser humano, em seu livro "Interpretação dos Sonhos" Freud destacava o sonho como uma ferramenta utilizada pela mente Humana para suprir seus desejos mais profundos, que surgissem durante o dia a dia. Podemos ver isso na figura de Hyde que tenta preencher os desejos mais ousados de Jekyll, como desejos de furtar, amar e matar.
"...dentro de meia hora, irei novamente e definitivamente incorporar aquela odiosa personalidade, e antevejo com irei sentar tremendo e chorando em minha cadeira, ou continuar, com o mais desgastado e apavorado sentimento, a andar de cima para baixo neste quarto."
A história do Médico e o Monstro também foi fruto de um pesadelo assim como o de Mary. Sendo um dos maiores sucessos da época, com uma narrativa rica e repleta de detalhes de cada característica e gesto do personagem em questão.
SOBRE A OBRA:
Em O Médico e o Monstro, o leitor acompanha perplexo os dramas do Dr. Jekyll, diante da facceta assustadora de sua própria personalidade: o temível Sr. Hyde. A história aborda a dialética dos valores morais em sua forma mais assombrosa e vai além do bem e do mal da alma humana.
Apesar de ser sim uma boa história, das três obras essa foi a que menos me entreteu, acho que porque assim como eu disse antes, eu não considero essa uma obra de terror, esperava algo mais medonho. Entretanto faz um tempinho que eu li e já me esqueci de muitas coisas, teria que ler de novo para analisar melhor.
CURIOSIDADES:
- Os nomes dos personagens são um jogo de palavras, o Dr. Jekyll é um homem até então bondoso mais que pode a vim se tornar perigoso, por isso estar embutido no seu nome o termo "I Kill" (eu mato), enquanto Hyde vive escondido que provém de Hidden (esconder).
- Uma das figuras mais fodas e adorada da Marvel foi inspirado nessa obra, nada mais e nada menos do que o Incrível Hulk, bastante similar não acha.
- Passou a ser tão famoso essa história que ela ganhou várias versões no cinema, desenhos e quadrinhos. Até mesmo na série animada Tom e Jerry, a um episódio que o gato e rato acabam indo parar no laboratório do Dr. Jekyll.
DRÁCULA
O Vampiro da Noite
“É um verdadeiro demônio. Pode tomar certas aparências e desaparecer como a nuvem. Como agir para destruí-lo? Onde apanhá-lo? A tarefa é rude, a luta pode ser trágica. Eu estou velho; mas eu, que importa, no entanto vocês, que são moços, ousariam afrontá-lo?”
Van Helsing
Esse sem sombra de dúvidas foi a melhor das obras na minha opinião, jovens você já leu essa obra ? Ainda não ? Então vai ler, porque é o pipoco. Foi o primeiro livro que eu li relacionado a vampiros e me agradou bastante, porque nele retrata a verdadeira essência do vampiro, aquela criatura sinistra movida pela luxúria e avareza que possui apenas um objetivo, matar sua sede de Sangue. Nós temos nessa obra o Rei dos vampiros e fodão Drácula ou Nosferatu, sem falar de muitos outros personagens carismáticos e bem construidos, é o caso do jovem advogado Jonathan Harker e o incrível Van Helsing.
O Irlandês e amante de teatro Bram Stoker (1847-1912) foi contemporâneo de outros grandes escritores, Stoker chegou a ser comparado e considerado por alguns superior a Mary Shelley e Edgar Allan Poe. Dedicou grande parte de sua vida à escrita de textos de terror, mas o reconhecimento público nacional só se deu após seu falecimento principalmente a partir da adaptação da história do Conde Drácula para o teatro e posteriormente para o cinema. O Drácula de Bram Stoker é a obra mais sinistra nessa coletânea.
Drácula tem sido designado como vários gêneros literários, incluindo literatura de vampiros, ficção de horror e romance gótico. Estruturalmente, é um romando também contado em muitas partes por cartas ou diários dos personagens em questão, a obra também apresenta uma grande variedade de personagens que enriquecem mais a história. Embora Stoker não tenha inventado o vampiro, a influência do seu romance na popularidade foi responsável por muitos aspectos da imagem do vampiro em si em peças de teatro, cinema, televisão e muitas interpretações dos séculos XX e XXI.
A inspiração para criação da obra também se deu de um pesadelo que Stoker teve, na qual ele viu um vampiro se levantando do túmulo. Mas a maior inspiração para seu personagem foi um nobre do século XV que viveu na região da Transilvânia, seu nome Vlad Tepes mais conhecido como "O Empalador".
Vlad inventou o apelido de "Dracul" que significava filho daquele que pertencia a Ordem do Dragão. Porém, em romeno Dracul quer dizer Satanás, quando o povo descobriu que Vlad empalava suas vítimas, mudaram o seu nome de filho do Dragão para "filho do Demônio" (em romeno significa, Drácula).
O conde ficou famoso por ter empalado mais de 30.000 pessoas. A técnica de empalação consistia e deitar a pessoa no chão de braços esticados e amarrar seus braços a dois cavalos. Com uma estaca afiada e suficientemente grande para aguentar o peso da vitima ele introduzia a ponta no anus do condenado e puxava os cavalos para frente. Quando a estaca estivesse bem introduzida, soltava os cavalos e enterrava a estaca na terra. O empalado ia-se enterrando pela estaca abaixo com seu peso até que lhe atravessasse a boca. Diziam que as vezes as vítimas ainda ficavam vivas recogitando e Vlad gostava de ver o sofrimento das pessoas enquanto ele aproveitava uma refeição.
SOBRE A OBRA:
Conta a história de Jonathan Harker, um jovem advogado enviado ao castelo do conde Drácula, na Transilvânia, para finalizar a venda de um domínio em Londres. Durante a viagem, envolta por temperos exóticos, culturas orientais e paisagens inóspitas, Jonathan se vê envolvido em um clima inebriante e misterioso, intensificado pela alternância de sonhos estranhos e momentos insones atordoados por latidos sombrios de cães. Em Bistritz, antes de partir para o castelo, Jonathan é acolhido em uma pousada. Lá ele percebe, em meio a palavras de um idioma que desconhece, que há grande temor da população local em relação ao conde. Crendice popular ou verdade? O jovem advogado entra no castelo tomado pelas dúvidas, que só vão aumentar e se tornar mais graves, dando início a uma história em que a busca pela sobrevivência depende do extermínio do poderoso conde e sua amaldiçoada sede de vida
"O castelo é uma fortaleça e eu sou seu prisoneiro."
CURIOSIDADES:
- Drácula tem vários poderes baseados na sua origem vampírica como força sobrehumana (de acordo com Van Helsing, tem a força de 20 homens); pode se transformar em lobo, morcego, comanda criaturas noturnas e o clima; pode tornar-se névoa; pode hipnotizar e fazer outras pessoas vampiros assim como ele. Drácula, se não ferido por suas fraquezas, é imortal e não envelhece, e pode curar-se instantaneamente de ferimentos.
- Entretanto, apesar de todas essas vantagens, ele é cheio de fraquezas também. O Conde deve nutrir-se de sangue para sobreviver; ele não detém reflexos em espelhos; pode ser morto por uma estaca de madeira de lei cravada em seu coração (em algumas fontes ele também precisa ser decapitado para isso funcionar). Símbolos sagrados como a cruz e água benta podem afastá-lo ou feri-lo (embora que algumas versões ostentem que deve-se ter fé nos símbolos usados para funcionar), o alho e prata podem afastá-lo. Drácula aparentemente não pode cruzar água corrente, embora possa fazê-lo mediante uma embarcação. Drácula não entra em casas sem um convite.Um ramo de rosa silvestre em seu caixão o impede de sair. O Conde não sobrevive se exposto a luz solar.
Então é isso ai galera, espero que tenham gostado , VLW e FLW :D