sábado, 15 de março de 2014
Filme: A grande beleza, de Paolo Sorrentino
Posted on 13:47 by Neeeerds!
Um belíssimo filme italiano dirigido por Paolo Sorrentino que provavelmente será lento, bastante lento, para alguns. No entanto, seria desastroso de minha parte não dizer o quanto essa obra cinematográfica é bela. A grande beleza nos conta a estória de um escritor, ou melhor, ex-escritor, que durante toda sua vida até então só escreveu um único livro que se tornou um clássico da literatura italiana. A partir de então vemos o protagonista, já idoso, sentir o peso da vida e em meio as suas festas, encontros com amigos ou gente da alta roda e sentimos que ele começa a se perguntar qual o seu sentido de vida? E juntamente com ele nós também nos perguntamos ao decorrer do filme, porque deixara de escrever? A grande beleza ou a falta dela é a resposta.
FILOSOFIA AGRESSIVA: Jap Gambardella pelo que entendi é o pseudônimo do autor que também é o protagonista do filme. Jap vê sua vida passar e que sua velhice se agrava a cada dia. Nada é mais tão interessante como era na sua juventude apesar de ter dinheiro e muitos admiradores. Vemos que a mulher que ele amava morreu a alguns anos e até novas pessoas que acaba conhecendo morrem durante a trama. A vida nos é apresentada como uma taça de cristal, onde a qualquer momento ou mero problema ela pode se estilhaçar em mil pedaços. A vida é fugidia e deve ser aproveitada, vivida. Os conflitos de Jap é exatamente sobre tudo isso: a vida passageira, a certeza de que nada dura para sempre e o vem e vão das pessoas como folhas de outono.
Outro ponto interessante presenciei em uma cena onde várias pessoas se reuniam em uma clinica onde um cirurgião plástico aplicava botox nos pacientes que faziam fila. durante muitas partes do filme vemos gente "deformada" por causa das plásticas, tão deformadas fisicamente quanto suas próprias vidas são. As pessoas da alta sociedade são as estrelas do filme e a trama nos deixa claro de que tudo não passa de ilusão: o dinheiro, as mulheres, os carros, as mansões, até mesmo o sexo gratuito e fácil, tudo não passa de uma beleza falsa e fútil. Jep se dá conta disso e é a partir dai que ele procura A grande beleza! Uma procura que é implícita no filme, não explicita.
Há vários pontos para se analisar, mas ressaltando apenas mais um, é também bastante interessante uma cena onde vemos um cardeal em uma certa festa e Jep se dirige até ele e procura uma ponta de luz para seus problemas na espiritualidade, mas o próprio cardeal está muitos mais interessado a impressionar os convidados com suas estórias e falsos sorrisos do que de fato dar alguma relevância as questões que afligem Jep. Nesse instante vemos a hipocrisia e a verdadeira face da humanidade. Todas as pessoas no filme são problemáticas e são desesperadas para que outros problemáticos as notem, quase mendigando por um pouco de atenção e carinho. A defeituosa humanidade, é sobre isso que trata o filme. A procura pela beleza e a não aceitação da velhice, a fome pela fama e dinheiro, o desprezo da sociedade para com si mesma e ao mesmo tempo sua carência, tudo isso nos é mostrado no filme. A lição que tiramos dele é justamente o oposto do que é mostrado: aproveite o dia, os meses, os anos, pois a vida passará meu amigo e será rápido, faça o que te faz feliz e priorize simplesmente a felicidade. Viva, ame, desapegue, alegre-se...
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